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22 de mar. de 2011

Guto


Lembro-me do tempo em que passeava no Shopping no colo dela.
Eu me sentia tão amado!
Minhas roupinhas eram cuidadosamente escolhidas combinando com a ocasião.
Todos me achavam uma gracinha, paravam para me ver e minha dona ficava muito orgulhosa.
-    - Guto!  Respondia quando perguntavam pelo meu nome.
Em seguida dizia todas as gracinhas que eu fazia.
Naquele tempo eu era único. Pensei que jamais seria substituído por ninguém, até que chegou o Rorô, um cãozinho de 2 meses. Confesso que fiquei com ciúmes.
Ainda bem que daqui de fora eu não posso ver o carinho que era meu ser dado para ele.
Acho que agora eu não presto para mais nada, estou velho, feio e doente.
Mas vou continuar fiel a ela, não permitirei que ninguém chegue próximo ao portão.
Se ao menos pudesse tomar um banho, não precisava ser de pet shop.
É que depois de velho eu passei a me coçar, será que é sarna?
Sabe de uma coisa?
Se a carrocinha passar eu vou me deixar levar.
Quem sabe alguma criança gosta de mim e vem me buscar.
Iride Eid Rossini
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