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27 de mar. de 2011
Reportagem da revista "Super interessante" março/2011 O que pensam os animais

25 de mar. de 2011
Crico
Crico era um patinho muito triste, ele era primo do patinho feio e era feio também.
Sabia que, na verdade, ele se transformaria em um belo cisne, mas, isso era só num futuro bem distante, e para ele agora só importava o presente.
Ele não conseguia pensar em termos de futuro, ele estava sofrendo agora!
Agora ele se sentia muito triste.
Ele não pensava como os outros de sua espécie.
Sentia-se um “estranho no ninho”
Não tinha a menor idéia de onde vinha aquela melancolia.
Desconhecia os motivos de suas lágrimas perdidas pelo rosto.
Precisava de explicações, precisava de motivos, precisava enfim de se sentir seguro, se apegar em algo hoje.
Não tinha fé no futuro, será que viria este futuro desconhecido?
Assim, seus dias eram perdidos com longos pensamentos.
Nadava, ou melhor, flutuava nas águas do imenso lago deixando as ondas o levar.
Ficava perdido no meio do lago.
Quando alguém o chamava: Crico! Crico!
Não respondia aos primeiros chamados.
Não tinha amigos, porque ele diferente, e todo mundo gosta de patos normais, que pensam iguais, que pensam como patos, que nadam, que falem a mesma língua.
Crico era diferente. Os outros patos não se importavam com patos que pensavam.
Tinha até uma patinha que se interessava por ele, alisava suas peninhas, ficava olhando demoradamente para ele esperando uma correspondência.
Os dias foram se passando e ele não melhorava.
Os patos familiares haviam desistido dele e não se importavam mais se ele estava assim ou assado.
Crico resolveu, então, sair pelo mundo.
A patinha o seguiu silenciosamente e ele caminhando a bel prazer.
Encontrou lagos em seu caminho, muitas pedras, muitos patos, e eram todos iguais.
Crico voltou para casa.
Não encontrou nada fora, apenas notou Fabíola, a patinha que o acompanhava quieta e sempre.
Então, Crico resolveu ser somente um pato, ficar com Fabíola, ter uma vida comum como os outros patos da sua espécie e ter muitos patinhos.
E nadar, nadar, nadar.
Tem muita gente que é Crico em Terra de patos.
Se você se sente diferente das outras pessoas não tente se igualar. Se você é diferente é porque é especial.
Iride Eid Rossini
Direitos autorais reservados
22 de mar. de 2011
Guto
Lembro-me do tempo em que passeava no Shopping no colo dela.
Eu me sentia tão amado!
Minhas roupinhas eram cuidadosamente escolhidas combinando com a ocasião.
Todos me achavam uma gracinha, paravam para me ver e minha dona ficava muito orgulhosa.
- - Guto! Respondia quando perguntavam pelo meu nome.
Em seguida dizia todas as gracinhas que eu fazia.
Naquele tempo eu era único. Pensei que jamais seria substituído por ninguém, até que chegou o Rorô, um cãozinho de 2 meses. Confesso que fiquei com ciúmes.
Ainda bem que daqui de fora eu não posso ver o carinho que era meu ser dado para ele.
Acho que agora eu não presto para mais nada, estou velho, feio e doente.
Mas vou continuar fiel a ela, não permitirei que ninguém chegue próximo ao portão.
Se ao menos pudesse tomar um banho, não precisava ser de pet shop.
É que depois de velho eu passei a me coçar, será que é sarna?
Sabe de uma coisa?
Se a carrocinha passar eu vou me deixar levar.
Quem sabe alguma criança gosta de mim e vem me buscar.
Iride Eid Rossini
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